[RESENHA] U’Yara – Rainha amazona | Blog Coração Leitor
Lugar de mulher é na Tribo Og. Isso mesmo! Porque lá os homens servem apenas para serviços como varrer, limpar e catar piolhos. É nesse lugar que nasce U’Yara, uma garota destemida cheia de ideias pioneiras e boas intenções que, para se tornar rainha, vai ter de engolir muito sapo – ou outro animal qualquer lá da Amazônia. Haja ternura para lidar com os desmandos de Murumu’Xaua, com crenças imutáveis e ultrapassadas e planos terríveis para tirar-lhe o direito ao trono. U’Yara terá de aprender a lidar com o querer de um povo, a mudar tradições arraigadas demais em pensamentos acomodados e, principalmente, a equalizar diferenças promovendo a igualdade, porque, para isso, vale a pena ser a rainha amazona.
U’ Yara, a guerreira, nasceu na Tribo Og um lugar no meio da floresta Amazônica onde quem liderava eram as mulheres. Elas governavam, caçavam, pescavam e lutavam, os homens tinham tarefas especificas como varre o chão, catar piolhos… tudo pensando na qualidade de vida deles que eram vistos como serem frágeis. A mãe de U’Yara morreu logo após seu nascimento e ela foi criada por sua tia Murumu’Xaua que criava as mais difíceis tarefas para a princesa. Logo cedo a jovem desenvolveu formas de lhe dar com os desmandos da tia, aprendeu até suportar a dor. Sua maior alegria era quando podia aproveitar o dia no lago junto de seu amigo.
Mesmo triste com a ausência do amigo a jovem U’Yara de posse de seus 14 anos assume de vez o trono que estava guardado para ela. Como toda adolescente ela aproveita para desfrutar da boa vida que a tia não permitiu que ela tivesse, mas como o passar do tempo ela começa perceber que a tribo Og não funcionava tão bem assim.
U’Yara tinha um amor muito grande por seu pai e ele por ela, mas como havia se casado com sua mãe de leite ele foi obrigado a viver distante da aldeia, e contrário do que conhecemos ser/ter pai não era importante, mais para U’Yara era. Ter o pai por perto era seu maior desejo, mas foi fortemente recusado pelas anciãs. Tomada de coragem e delicadeza ela decide que as coisas precisam mudar, mesmo com pouca idade ela via a vida de outra forma, para ela homens e mulheres deveriam ter os mesmos direitos.
O livro U’Yara Rainha amazona é como nossa floresta rica, bela e precisa ser preservada com amor e carinho, mesmo com a sinopse em mãos não imaginei uma leitura infantil tão rica como esta, a autora nos presenteia com uma história que nos levar a refletir sobre os direitos das mulheres e dos homens também. Afinal, como seria o mundo se os homens fossem submissos?? Iniciando seu projeto de mudanças U’Yara que até mesmos os homens não desejavam que elas ocorressem, seja por costume, medo e até mesmo por acharem que mereciam a vida que tinham.
Nas entrelinhas é visível a história das mulheres durante os séculos mas tendo os homens como protagonistas e devo admitir que nenhum e nem o outro é belo. Margarida Patriota traz um livro que precisa chegar aos nossos pequenos e grandes leitores e agora sonho que ele seja trabalhado em todas as escolas.
Uma leitura leve recheada de humor e reflexões, e para melhorar… Podemos sentir o farfalhar das árvores, ouvir o canto dos pássaros e o uivar do vento, além de correr por entre folhas e galhos e tudo graças a delicada e emocionante escrita da autora que nos insere no meio da natureza. Dois detalhes me chamaram a atenção: primeiro o dialeto criado para a tribo Og e segundo as ilustrações que são lindas, na verdade a diagramação é perfeita.
Será que indico esse livro?? CLARO!!!
Jéssica, é um livro infantil e acho que você falou tudo na resenha… NÃO!!
Acredite existe muito, muito mais nessas 141 páginas. Venha, vamos logo para a Amazônia 😉